domingo, 10 de maio de 2020

João

Dizer bem é dizer "coisas bonitas", mesmo nos momentos em que é muito difícil dizer coisas, como agora.

Devia ser óbvio dizer bem de um irmão. E devia ser óbvio dizer muitas vezes bem de um irmão. Nem sempre se faz o que é óbvio fazer-se. Corrijo isso hoje, sendo essa a primeira aprendizagem que o João certamente estará a propor; fazer o bem, antes mais cedo do que mais tarde.

Que todos os outros oferentes me perdoem, mas o João foi a primeira grande prenda que recebi. Prenda que pedi, que tanto pedi para chegar. E chegou.

O João foi meu companheiro de quarto nos seus primeiros dezoito anos de vida. Dezoito anos, milhares e milhares de noites, desabafos, segredos, espuma, substância, risos, descobertas, crescimento e vida, no fim de contas. Cedo me apercebi de que éramos uma equipa forte, que funcionava, e funcionava bem, com muita aprendizagem recíproca. Segunda lição que aqui registo do João: aprender com todos, sempre.

O último tempo desse convívio de casa foi mais exigente para todos, mas também dessa condição resultaram lições, mais difíceis de aqui enunciar, mas pelas quais também devo agradecer-te, João.

E depois a família estendeu-se do meu lado e o João começou a estar menos tempo por perto, viajando, estudando, trabalhando, fazendo o seu caminho. Quando estava disponível, a maior lição era mesmo a do sorriso autêntico, que a foto deixa transparecer. Terceira lição, síntese de tantas outras, mas sempre em volta disto: o bem, sempre o bem.

O João gosta muito da cidade que o viu nascer, Setúbal, e do rio que a adorna, o Sado. Junto-os, que combinados ainda mais bonitos ficam.

Em 2014, quando iniciei este blog, o João apreciou muito a iniciativa. Perdoa-me, João, se demorei a aqui vir "dizer bem" de ti. Sei que sim, que me perdoas e me continuas a sorrir. Obrigado por isso. Obrigado por tudo. Até já, João.

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